Brasil pode se beneficiar com nova política de tarifas de Trump?

O tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a valer parcialmente nesta terça-feira (4), impondo uma alíquota de 10% sobre mercadorias chinesas que chegarem ao país. Já as tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá foram adiadas por um mês, após negociações entre os governos.

Até o momento, o Brasil não foi alvo direto das novas tarifas, mas a guerra comercial entre os EUA e outros países pode trazer oportunidades e desafios para a economia brasileira.

Impactos da política protecionista

A nova estratégia de Trump usa a Lei de Poderes de Emergência Econômica Internacional (IEEPA), que amplia a autoridade presidencial em momentos de crise. Sob esse argumento, ele justificou as tarifas para barrar imigrantes irregulares e combater o tráfico de fentanil, colocando pressão sobre México, Canadá e China.

O governo chinês já reagiu, anunciando tarifas de até 15% sobre alguns produtos americanos, incluindo carvão, petróleo e veículos agrícolas.

Brasil pode se beneficiar?

Especialistas avaliam que o Brasil pode encontrar oportunidades comerciais, como ocorreu durante o primeiro governo Trump (2017-2021), quando a guerra comercial com a China fortaleceu as exportações brasileiras de commodities, como soja e carne bovina.

Além disso, o Brasil não possui um acordo de livre comércio com os EUA e tem déficit na balança comercial, ou seja, compra mais produtos americanos do que vende. Isso pode afastá-lo do foco imediato das tarifas.

No entanto, o risco vem da posição do Brasil dentro dos BRICS, grupo que inclui China, Rússia, Índia e África do Sul. Trump ameaçou aplicar tarifas de 100% a países do bloco que adotarem moedas alternativas ao dólar em transações internacionais. Embora não haja planos de curto prazo para uma moeda única, o Brasil e seus parceiros têm aumentado o uso do yuan chinês em operações comerciais e recebido empréstimos em moedas alternativas pelo Banco dos BRICS.

Efeitos no cenário global

A política protecionista de Trump pode gerar inflação nos EUA, com aumento dos preços de alimentos e veículos importados. Caso isso aconteça, o Federal Reserve (Fed) pode responder elevando os juros, o que fortaleceria o dólar e impactaria economias emergentes como o Brasil.

Além disso, tarifas mais altas podem reduzir a demanda por produtos exportados aos EUA, afetando a cadeia global de suprimentos e prejudicando mercados interligados.

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